








- Acordei-te?
- És tu, Marianne! Olá.
- Não, não te levantes.
- Típico, estavas a espreitar-me.
- Não estava nada.
- Não nos víamos há 30 anos, 32!
- Perdemos o rasto um do outro.
- É natural. Primeiro as pessoas estão juntas,depois separam-se e telefonam-se. E por fim há o silêncio.
- É triste.
- Isso é uma crítica?
- Não, só não tínhamos o que dizer.Depois, de repente, telefonas-me e dizes querer visitar-me.
- Não pareces muito entusiasmado.
- Entusiasmado? Eu disse que não. E continuo a dizer, não quero isto. Não. Mas tu não queres saber.
- Eu tinha que vir.
- Porquê?
- Não vou dizer-te.
- Estás a rir.
- Johan...fiz 340 Km e consegui encontrar o teu covil no meio de nenhures. Mas agora que já te vi, beijei e falei contigo, já me posso ir embora.
- Não pode ser!
- Não?
- Tens pelo menos de jantar.
- Porquê?
- Há uma semana, disse à Srª Nilsson que uma ex-mulher viria visitar-me. Não posso, agora, dizer-lhe que não haverá jantar. Ela ficaria furiosa.
- Quem é a Srª Nilsson?
- Agda. Agda Nilsson.
- Vocês são um casal?
- Santo Deus do Céu! Deus me livre!
- Vocês os dois vivem aqui sozinhos na profunda e escura floresta?
- A Srª Nilsson vive na aldeia. Ela vem cá fazer as limpezas, cozinhar e depois vai para casa. Ela é religiosa e maligna.
- Então, isto não é bem um idílio.
- Para dizer a verdade, tenho medo da velha. Tenho medo que queira casar comigo. Bom, mas fica para jantar. E ela arrumou o quarto de hóspedes, por isso tens de passar cá a noite.
- Suponho que terei de me submeter.
- Tenho cá um trabalhão para saír desta cadeira. Não, não me ajudes!
- O que se passa, Johan?
- Pretendo abraçar-te.
- Vamos abraçar-nos? Raios parta, Johan! Maldito velho idiota.
Sem comentários:
Enviar um comentário