segunda-feira, dezembro 18, 2006





- Acordei-te?

- És tu, Marianne! Olá.

- Não, não te levantes.

- Típico, estavas a espreitar-me.

- Não estava nada.

- Não nos víamos há 30 anos, 32!

- Perdemos o rasto um do outro.

- É natural. Primeiro as pessoas estão juntas,depois separam-se e telefonam-se. E por fim há o silêncio.

- É triste.

- Isso é uma crítica?

- Não, só não tínhamos o que dizer.Depois, de repente, telefonas-me e dizes querer visitar-me.

- Não pareces muito entusiasmado.

- Entusiasmado? Eu disse que não. E continuo a dizer, não quero isto. Não. Mas tu não queres saber.

- Eu tinha que vir.

- Porquê?

- Não vou dizer-te.

- Estás a rir.

- Johan...fiz 340 Km e consegui encontrar o teu covil no meio de nenhures. Mas agora que já te vi, beijei e falei contigo, já me posso ir embora.

- Não pode ser!

- Não?

- Tens pelo menos de jantar.

- Porquê?

- Há uma semana, disse à Srª Nilsson que uma ex-mulher viria visitar-me. Não posso, agora, dizer-lhe que não haverá jantar. Ela ficaria furiosa.

- Quem é a Srª Nilsson?

- Agda. Agda Nilsson.

- Vocês são um casal?

- Santo Deus do Céu! Deus me livre!

- Vocês os dois vivem aqui sozinhos na profunda e escura floresta?

- A Srª Nilsson vive na aldeia. Ela vem cá fazer as limpezas, cozinhar e depois vai para casa. Ela é religiosa e maligna.

- Então, isto não é bem um idílio.

- Para dizer a verdade, tenho medo da velha. Tenho medo que queira casar comigo. Bom, mas fica para jantar. E ela arrumou o quarto de hóspedes, por isso tens de passar cá a noite.

- Suponho que terei de me submeter.

- Tenho cá um trabalhão para saír desta cadeira. Não, não me ajudes!

- O que se passa, Johan?

- Pretendo abraçar-te.

- Vamos abraçar-nos? Raios parta, Johan! Maldito velho idiota.



Sem comentários: