este texto do joão gaspar é tão bom, que não (me) basta partilhá-lo no google reader e nos links da coluna ali em baixo à direita. aqui fica, portanto:
bebo cerveja com a espuma dos dias. procuro em vão o exílio. encontro apenas mais da mesma solidão. durmo há anos nos braços da solidão. velha amiga, companheira. das horas más e das ainda piores. a solidão aparece independentemente (ou talvez por causa) das pessoas. já fiz amor com a solidão no meio de multidões. a solidão é fácil. demasiado fácil. mas agora procuro um exílio que não encontro. o exílio é longe. demasiado longe. o exílio requer que os outros desapareçam. mas os outros estão sempre lá. demasiados outros. demasiado lá. e lá é demasiado perto de cá. procuro como quem foge sem saber onde acaba o mapa. procuro o exílio longe de tudo, procuro o exílio no quarto mais escuro da noite, procuro o exílio debaixo da cama (onde só encontro as pantufas e o cotão jaz empalhado, ao estilo das pradarias do velho oeste onde mandava o terrence hill). mas o exílio não aparece. ou vai-se tornando infrutífero com o passar das horas e das pessoas. e não cumpre a função para a qual havia sido destinado. dar abrigo, ser um ponto de fuga para a fotografia de um cadáver pouco adiado. regresso do exílio sem nunca lá ter estado. em mau estado, como sempre. sonhei com o exílio mas esqueci o sonho ainda antes de adormecer. quis ser um exilado a lado comigo próprio. ou mesmo comigo outro. quis ser um refugiado de guerra interior e só encontrei esta paz podre. um armistício assinado por analfabetos. estive vai não vai para lá ir. não fui. mas vou indo. de metáfora merdosa em metáfora merdosa até à sinédoque final. em que o todo pela parte se parte todo. todo fodido. dividido. resto zero. o tetrahidrocanabinol e o tom waits lá vão fazendo o que têm a fazer. o único exílio possível (provável) é a morte. o sartre, por pura teimosia, ainda acha que o inferno são os outros. não são. o inferno somos nós. então e os outros? puta que os pariu.
bebo cerveja com a espuma dos dias. procuro em vão o exílio. encontro apenas mais da mesma solidão. durmo há anos nos braços da solidão. velha amiga, companheira. das horas más e das ainda piores. a solidão aparece independentemente (ou talvez por causa) das pessoas. já fiz amor com a solidão no meio de multidões. a solidão é fácil. demasiado fácil. mas agora procuro um exílio que não encontro. o exílio é longe. demasiado longe. o exílio requer que os outros desapareçam. mas os outros estão sempre lá. demasiados outros. demasiado lá. e lá é demasiado perto de cá. procuro como quem foge sem saber onde acaba o mapa. procuro o exílio longe de tudo, procuro o exílio no quarto mais escuro da noite, procuro o exílio debaixo da cama (onde só encontro as pantufas e o cotão jaz empalhado, ao estilo das pradarias do velho oeste onde mandava o terrence hill). mas o exílio não aparece. ou vai-se tornando infrutífero com o passar das horas e das pessoas. e não cumpre a função para a qual havia sido destinado. dar abrigo, ser um ponto de fuga para a fotografia de um cadáver pouco adiado. regresso do exílio sem nunca lá ter estado. em mau estado, como sempre. sonhei com o exílio mas esqueci o sonho ainda antes de adormecer. quis ser um exilado a lado comigo próprio. ou mesmo comigo outro. quis ser um refugiado de guerra interior e só encontrei esta paz podre. um armistício assinado por analfabetos. estive vai não vai para lá ir. não fui. mas vou indo. de metáfora merdosa em metáfora merdosa até à sinédoque final. em que o todo pela parte se parte todo. todo fodido. dividido. resto zero. o tetrahidrocanabinol e o tom waits lá vão fazendo o que têm a fazer. o único exílio possível (provável) é a morte. o sartre, por pura teimosia, ainda acha que o inferno são os outros. não são. o inferno somos nós. então e os outros? puta que os pariu.
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