sexta-feira, fevereiro 06, 2009

por estas coisas simples

As coisas familiares.




A morte, o medo da doença, a família:

perigosa trilogia da minha vida,

moldada como poeira sobre o barro

dos outros. Os pulmões respondem,



sentes uma dor às vezes, a dor

que se estende do braço direito ao ombro

mais distante, o esquerdo, escutada

como um aviso, uma vontade de dormir.



Olhas então à tua volta: família,

casa, livros – teu único legado – e uma

varanda aberta para o sábado.

Por estas coisas simples sobrevives,



o caminho estreito abre-se sobre o mar,

os pulmões respondem, e o resto

do corpo acompanha a respiração,

cumprindo um dever de todos os dias,



percorrendo um mapa que vai do frio

à erosão, como uma ventania

de Inverno, uma soma de coisas

familiares, fantásticas, habituais.



francisco josé viegas

(aqui)

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