segunda-feira, fevereiro 09, 2009

livro de cabeceira


Iñaki Echavarne, Bar Giardinetto, Rua Granada del Penedés, Barcelona, Julho de 1944. Durante um tempo a crítica acompanha a Obra, depois a crítica desvanece-se e são os Leitores quem a acompanha. A viagem pode ser longa ou curta. Depois os leitores morrem um por um e a Obra continua sozinha, se bem que a pouco e pouco outra Crítica e outros Leitores vão acompanhando a sua singradura. Depois a Crítica morre outra vez, e os Leitores morrem outra vez, e sobre essa esteira de ossos a Obra continua a sua viagem rumo à solidão. Aproximar-se dela, navegar no seu rasto, é sinal inequívoco de morte certa, mas outra Crítica e outros Leitores se lhe aproximam, incansáveis e implacáveis, e o tempo e a velocidade devoram-nos. Finalmente, a Obra viaja irremediavelmente sozinha na Imensidade. E um dia a Obra morre, como morrem todas as coisas, como se extinguirão o Sol e a Terra, o Sistema Solar e a Galáxia, e a mais recôndita memória dos homens. Tudo o que começa como comédia acaba como tragédia.

Os Detectives Selvagens - Roberto Bolaño


2 comentários:

fallorca disse...

Gentil menina Alex,

tenho o prazer de a informar que já disponibilizei a receita, ou parte dela - não se pode querer tudo de uma só vez - do famoso e tronitroante «arroz de setas».
Creia-me, com tão elevada estima quanto me permite a minha franzina estatura,
fallorca

fallorca disse...

Gentil menina Alex,

mão amiga, como se diz nestes casos, teve a amabilidade de me reendereçar a sua determinação «não desistindo dos meus intentos enquanto não trincar - com os meus dentinhos de mentirosa - garfada da prometida iguaria.»
Não creio ter-lhe prometido semelhante garfada (ou colherada) de um arrozinho de setas com tâmaras. Mas como sou generoso, no meu musical perfil encontrará o endereço de e-milio para lhe poder ministrar a dita receita.
Creia-me, com tão elevada estima quanto me permite a minha franzina estatura,
fallorca