domingo, janeiro 21, 2007

CONSERVE ESTE BILHETE ATÉ AO FINAL DA VIAGEM

Devo dizer que sempre preferi
os versos feridos pela prosa
da vida, os versos turvos
que tornam mais transparentes
os negros palcos do tempo, a dor
de sermos filhos das estações
e de andarmos por aí, hora após
hora, entre tudo o que declina
e piora. Em suma, os versos
que gritam: Temos as noites
contadas.
E também
os que replicam:
Valha-nos isso.


Rui Pires Cabral - Capitais da Solidão

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