Sentar-se de noite na janela aberta, sentindo-se abandonado, sentindo-se diferente dos adultos, com todos aqueles sorrisos e olhares trocistas que não o compreendiam, sem poder explicar a ninguém o que já sabia ser, e ansiar por alguém que o compreendesse...Isso é amor! Mas para senti-lo é preciso ser jovem e solitário.
(...)
Os planos pacientes que imperceptivelmente encadeiam os dias, formando meses e anos para o adulto, ainda lhe eram alheios. Assim também o embotamento que nem permite ao menos fazer indagações quando mais um dia se acaba. A sua vida estava centrada em cada dia. Cada noite, significava um nada, uma extinção. Ele ainda não tinha aprendido a morrer ao fim de cada dia sem se preocupar.
Por isso sempre imaginara que, por detrás de tudo, havia algo que lhe ocultavam. As noites pareciam-lhe escuros portões diante de secretas alegrias, de modo que a vida permanecia-lhe secreta e infeliz.
Robert Musil - O Jovem Torless
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