- Às vezes, penso no meu isolamento voluntário e acho um inferno. Que já estou morto, apesar de não o saber. Mas estou bem. Revi o meu passado, agora que tenho as "respostas".
- Não parece muito divertido.
- Precisamente, Marianne. Não é. Mas quem raio é que disse que a maldição tinha de ser divertida?
- E o que dizem as "respostas"?
- Queres mesmo saber?
- Perguntei, não perguntei?
- Que a minha vida tem sido uma merda. Uma vida idiota e sem sentido.
- O nosso casamento faz parte do teu inferno?
- Para ser sincero, faz.
- Lamento ouvir isso.
- Uma vez um padre disse-me que uma boa relação tem dois componentes: uma amizade sincera e um erotismo inabalável. Ninguém pode dizer que não éramos bons amigos. Bondosos e capazes.
- Bons amigos.
- Sem dúvida.
- Tu eras infiel. Eu era tão...
- Eu também.
- Tão triste.
- Mas foi há tanto tempo.
- Ainda é doloroso.
- Para mim, não.
- Não, suponho que não.
- Querida Marianne.
- És tu quem o diz.
- Pois sou. É bom estar aqui contigo. De mãos dadas, a olhar para esta vista magnífica. Sem falar de coisas dolorosas.
- És tu que estás a agarrar a minha mão.
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