os amigos de alex
domingo, novembro 13, 2011
como se fosse cada vez um veneno novo
A tua morte é sempre nova em mim.
Não amadurece. Não tem fim.
Se ergo os olhos dum livro, de repente
tu morreste.
Acordo, e tu morreste.
Sempre, cada dia, cada instante,
a tua morte é nova em mim,
sempre impossível.
E assim, até à noite final
irás morrendo a cada instante
da vida que ficou fingindo vida.
Redescubro a tua morte como outros
redescobrem o amor,
porque em cada lugar, cada momento,
tu estás viva.
Viverei até à hora derradeira a tua morte.
Aos goles, lentos goles. Como se fosse
cada vez um veneno novo.
Não é tanto a saudade que dói, mas o remorso.
O remorso de todo o perdido em nossa vida,
coisas de antes e depois, coisas de nunca,
palavras mudas para sempre, um gesto
que sem remédio jamais teve destino,
o olhar que procura e nunca tem resposta.
O único presente verdadeiro é teres partido.
(Adolfo Casais Monteiro)
Não amadurece. Não tem fim.
Se ergo os olhos dum livro, de repente
tu morreste.
Acordo, e tu morreste.
Sempre, cada dia, cada instante,
a tua morte é nova em mim,
sempre impossível.
E assim, até à noite final
irás morrendo a cada instante
da vida que ficou fingindo vida.
Redescubro a tua morte como outros
redescobrem o amor,
porque em cada lugar, cada momento,
tu estás viva.
Viverei até à hora derradeira a tua morte.
Aos goles, lentos goles. Como se fosse
cada vez um veneno novo.
Não é tanto a saudade que dói, mas o remorso.
O remorso de todo o perdido em nossa vida,
coisas de antes e depois, coisas de nunca,
palavras mudas para sempre, um gesto
que sem remédio jamais teve destino,
o olhar que procura e nunca tem resposta.
O único presente verdadeiro é teres partido.
(Adolfo Casais Monteiro)
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domingo, setembro 05, 2010
sábado, setembro 04, 2010
terça-feira, agosto 24, 2010
ciganos # 3
tempo de ciganos - emir kusturica
(let's look at a traila)
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segunda-feira, agosto 23, 2010
domingo, agosto 01, 2010
Diz-se que o tempo não pára, que nada lhe detém a incessante caminhada, é por estas mesmas e sempre repetidas palavras que se vai dizendo, e contudo não falta por aí quem se impaciente com a lentidão, vinte e quatro horas para fazer um dia, imagine-se, e chegando ao fim dele descobre-se que não valeu a pena, no dia seguinte torna a ser assim, mais valia que saltássemos por cima das semanas inúteis para vivermos uma só hora plena, um fulgurante minuto, se pode o fulgor durar tanto.
José Saramago - O ano da morte de Ricardo Reis
sábado, março 06, 2010
uma pedra na infância
Põe uma pedra
uma pedra sobre a infância
Para que de vez se cale essa respiração
contida suspensa no escuro
Põe, digo-te, uma pedra de silêncio sobre
essa infância essa fala ininterrupta essa
falagem que falha e promete e inventa
os sonhos e as promessas o riso sem porquê
Para que de vez se interrompa a esperança esse
mal que não desiste. Escreve, faz o que o ditado dita:
Enterra no silêncio da pedra essa intolerável coisa
que é a infância, as vozes da noite do poço.
Apaga a infância isso que falta sempre à chamada
e para sempre trocou já os desejos e os medos.
Já não vais a tempo, ela enredou sem remédio
as vidas os nomes a tua condenação. Mas vai.
Para que se cale de vez essa respiração que se ri
na cara da morte, nos olhos do enviado de deus
recita o que o ditado ditou: Põe uma pedra sobre
a infância e ouve a era a folhagem que cobrem
o céu em ruínas.
Também então havia uma pedra no canto do quarto
Ali onde a noite começava, era uma pedra e depois
crescia, petrificava-se no seu coração de pedra
dividia-se e eram várias crescendo; ocupando
todo o espaço do sono, do sonho do mundo.
Pesavam no teu peito procuravam-te os olhos
que de pedra ficavam e o grito era uma pedra
que na garganta subia contra a outra pedra.
O próprio ar golpeado era e dividia a voz
pedra contra pedra, o deserto a perder de vista.
Põe uma pedra sobre outra pedra. Inventa uma
outra infância de que possas recordar-te.
Obedeces ao poema e é sem espanto que vês:
nada acontece. Não há
nenhuma voz na voz dos condenados.
Manuel Gusmão
in Migrações do fogo
aqui
terça-feira, março 02, 2010
meia-noite todo o dia
Não voltarei a ser jovem
Que a vida é a sério
só mais tarde o começamos a entender
— como todos os jovens, eu vim
para levar a vida em frente.
Queria deixar marca
e sair entre aplausos
— envelhecer, morrer, eram somente
as dimensões do teatro.
Mas passou o tempo
e a desagradável verdade assoma:
envelhecer, morrer,
são o único argumento da peça.
Jaime Gil de Biedma
"roubado" ao manuel a. domingos
Que a vida é a sério
só mais tarde o começamos a entender
— como todos os jovens, eu vim
para levar a vida em frente.
Queria deixar marca
e sair entre aplausos
— envelhecer, morrer, eram somente
as dimensões do teatro.
Mas passou o tempo
e a desagradável verdade assoma:
envelhecer, morrer,
são o único argumento da peça.
Jaime Gil de Biedma
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quinta-feira, fevereiro 18, 2010
sexta-feira, fevereiro 05, 2010
terça-feira, janeiro 19, 2010
haiti
reader's digest do vouyerismo depois da tragédia -o melhor que já li sobre o haiti, nos posts de luís januário, eduardo pitta e francisco josé viegas:
eduardo pitta, da literatura
A pornografia televisiva em redor do Haiti vai no mesmo sentido. Eduardo Pitta fala do assunto — e bem. De um milhão, o número de vítimas passa a meio milhão; de meio milhão está agora em 50 mil, mas há quem avance 200 mil. Mas ajuda-ajuda-ajuda, vê-se pouco. Imagens repetidas até à exaustão e sem critério (com a excepção da TVI24, como escreve o Eduardo), retratinhos da net e das webcam, testemunhos que repetem a tragédia até ao infinito, números escutados na esquina do hotel. Um dia, um repórter foi apanhado num banco de jardim de uma cidade do Médio Oriente a fazer um despacho telefónico para a sua rádio, falando dos mísseis Scud que iriam cair nessa tarde. Uns amigos que passavam, entre o divertido e o enojado, ainda o convidaram para jantar num restaurante de gente corajosa que tinha um belo humus com kaftedes, e beber um whisky (quando o vejo, lembro-me de quando fazia reportagens de campo, nos estádios, como se o mundo tivesse desabado). A indústria da tragédia é uma das misérias do jornalismo.
francisco josé viegas, n'a origem das espécies
francisco josé viegas, n'a origem das espécies
(destaques meus)
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sábado, janeiro 02, 2010
sexta-feira, janeiro 01, 2010
quarta-feira, dezembro 30, 2009
a família tradicional
A família tradicional foi destruída quando as mulheres começaram a desenvolver actividades profissionais fora do lar doce lar. Mais tarde foi abatida pela introdução e generalização dos métodos contraceptivos hodiernos e pela emancipação sexual das mulheres, essas porcas, novamente. Pela mesma altura, também foi morta pela televisão, que impôs um fim inglório aos serões de profunda comunhão que todas as famílias tradicionais partilhavam em torno da telefonia. Não consta que a telefonia tenha acabado com a família tradicional, mas não me espantaria que o tivesse tentado. Mas a tortura não acabou aqui: aproveitando-se da televisão, chegaram os videojogos, que mataram a família tradicional, depois de a brutalizarem durante várias horas, com requintes de sadismo e sem que ninguém lhe acudisse. E não tardou muito até que a internet, aproximando os distantes e desconhecidos às custas do afastamento dos próximos e conhecidos, exterminasse, também ela, a família tradicional.
Embora não haja provas definitivas, decorrem indagações que hão-de acabar por atribuir à descrimininalização do desmancho a responsabilidade por um novo assassinato da família tradicional. Da mesma família tradicional que se prepara agora para ser morta pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo, independentemente da sua orientação sexual. Independentemente da sua orientação sexual já podiam e amiúde o faziam, mas o papel passado é o que, aparentemente, o torna fatal para a família tradicional. E não tardará muito até que a eventual permissão da adopção, também ela de papel passado, de criancinhas indefesas por parte destes novíssimos e inauditos casais que se estão a preparar para matar a família tradicional, mate, mais uma vez, a família tradicional. Pode ser que um dia alguém se lembre de fazer o serviço recorrendo aos únicos meios de comprovada eficácia para tratar destes casos: uma carabina semi-automática, um jerricã de querosene e uma caixa de fósforos. Talvez que nesse dia nos vejamos, finalmente, livres daquilo.
Embora não haja provas definitivas, decorrem indagações que hão-de acabar por atribuir à descrimininalização do desmancho a responsabilidade por um novo assassinato da família tradicional. Da mesma família tradicional que se prepara agora para ser morta pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo, independentemente da sua orientação sexual. Independentemente da sua orientação sexual já podiam e amiúde o faziam, mas o papel passado é o que, aparentemente, o torna fatal para a família tradicional. E não tardará muito até que a eventual permissão da adopção, também ela de papel passado, de criancinhas indefesas por parte destes novíssimos e inauditos casais que se estão a preparar para matar a família tradicional, mate, mais uma vez, a família tradicional. Pode ser que um dia alguém se lembre de fazer o serviço recorrendo aos únicos meios de comprovada eficácia para tratar destes casos: uma carabina semi-automática, um jerricã de querosene e uma caixa de fósforos. Talvez que nesse dia nos vejamos, finalmente, livres daquilo.
Eduardo, no Àgrafo
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domingo, dezembro 20, 2009
sexta-feira, dezembro 18, 2009
este é que deveria ser o tão propagandeado "superior interesse da criança"
nunca usei um título tão grande para um post com tão poucas palavras. aliás, as palavras que interessam, estão todas, bem resumidinhas, neste post d'a natureza do mal.
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quarta-feira, dezembro 16, 2009
sublinhados
A inveja é a religião dos medíocres. Reconforta-os, responde às inquietações que os roem por dentro e, em última análise, lhes apodrece a alma e lhes permite justificar a sua mesquinhez e cobiça a ponto de acreditarem que são virtudes e que as portas do céu se abrirão apenas aos infelizes como eles, que passam pela vida sem deixar outra marca que não seja a das suas mal-amanhadas tentativas de amesquinhar os outros e de excluir e, se possível for, destruir aqueles que, pelo simples facto de existirem e de serem quem são, põem em evidência a sua pobreza de espírito, mente e entranhas. Bem-aventurado aquele a quem os cretinos ladram, porque a sua alma nunca lhes pertencerá.
Carlos Ruiz Záfon in O Jogo do Anjo
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domingo, novembro 29, 2009
sábado, novembro 28, 2009
foi deus
Abrão, um tipo fixe por quem Deus tinha uma especial predilecção, casou com Sarai, que era sua meia irmã, uma união que foi abençoada por Deus.
Como Canaã era uma terra de muita fome, Abrão pegou na esposa e foi tentar a sua sorte (na altura chamava-se peregrinar)para o Egipto, onde começou a sua colossal fortuna. No Egipto reinava um faraó uma beca otário, que, por ser infiel, merecia no mínimo que se lhe fizessem a folha.
Então, lembrou-se Abrão de dizer à esposa:
- Tive uma ideia: tu, aos 75, és de uma beleza irresistível. Se o faraó sabe que és casada comigo mata-me! O que vais fazer é dizer ao faraó que és só minha irmã, atiras-te a ele, fazes-lhe aquele bobó (ainda hoje conhecido como bobó à faraó, o melhor de todos) e pedes-lhe em troca ovelhas, vacas, jumentos, servos e servas, jumentas e camelos que dizes que é para o teu irmão.
E o faraó, que era gerontófilo, deixou-se enredar na história e, em troca de faraónicos bobós, assim enriqueceu Abrão.
O grande Abrão provou assim, neste mero episódio, ser incestuoso, proxeneta, oportunista, impostor, manipulador, mentiroso, desonesto e amoral. Abrão foi também o percursor de pelo menos três das mais importantes religiões da actualidade: o Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo.
a não perder: esta e outras hilariantes interpretações dos cânones bíblicos, num blog perto de si.
Como Canaã era uma terra de muita fome, Abrão pegou na esposa e foi tentar a sua sorte (na altura chamava-se peregrinar)para o Egipto, onde começou a sua colossal fortuna. No Egipto reinava um faraó uma beca otário, que, por ser infiel, merecia no mínimo que se lhe fizessem a folha.
Então, lembrou-se Abrão de dizer à esposa:
- Tive uma ideia: tu, aos 75, és de uma beleza irresistível. Se o faraó sabe que és casada comigo mata-me! O que vais fazer é dizer ao faraó que és só minha irmã, atiras-te a ele, fazes-lhe aquele bobó (ainda hoje conhecido como bobó à faraó, o melhor de todos) e pedes-lhe em troca ovelhas, vacas, jumentos, servos e servas, jumentas e camelos que dizes que é para o teu irmão.
E o faraó, que era gerontófilo, deixou-se enredar na história e, em troca de faraónicos bobós, assim enriqueceu Abrão.
O grande Abrão provou assim, neste mero episódio, ser incestuoso, proxeneta, oportunista, impostor, manipulador, mentiroso, desonesto e amoral. Abrão foi também o percursor de pelo menos três das mais importantes religiões da actualidade: o Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo.
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quinta-feira, novembro 12, 2009
para sempre
se alguém disser que morreste, avançarei até à varanda do céu
escutarei a noite e recolherei o teu corpo da espuma dos planetas.
não deixarei que o teu rosto se dissolva nas minhas mãos,
insistirei no teu nome até que o mar ascenda à minha boca
e de luar em luar celebrarei o coração que fizeste meu, mudamente
porque o amor sobrevive às veias paradas do sangue.
adaptação de um poema de vasco gato, encontrado aqui
há um ano, por esta hora, estava a receber o pior telefonema da minha vida e inexplicavelmente soube-o assim que ouvi o toque do telemóvel. um ano, trezentos e sessenta e cinco dias. foi ontem. foi há uma eternidade.
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o silêncio dos livros
é um blog que acompanho regularmente através do google reader e que consta dos meus links algures ali na coluna da direita. tem sempre imagens muito bonitas, todas elas relacionadas com a leitura. hoje não resisto a colocá-lo aqui em destaque, por me ter dado a conhecer as ilustrações de franco matticchio e jillian tamaki.
jillian tamaki
se ainda não conhecem o blog do miguel, é favor seguirem o link imediatamente. garanto que não se vão arrepender.
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segunda-feira, novembro 09, 2009
despair and demotivation
estas e outras maravilhas em www.despair.com
imperdível!
ah, e o blog do desespero - http://blog.despair.com/ - vai direitinho para os favoritos.
via antónio quintas facebook
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domingo, novembro 01, 2009
current mood
à espera do comboio na paragem de autocarro *
* sérgio godinho
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segunda-feira, outubro 26, 2009
umas verdades inconvenientes
a ciência é uma chatice. ao fim de mais de 10 anos de os factos não encaixarem na fantasiosa teoria do aquecimento global, alguém havia começar a dar por isso.
o telegraph publica hoje um artigo, com algumas verdades inconvenientes, cuja leitura aconselho vivamente:
the real climate change catastrophe
domingo, outubro 25, 2009
domingo, outubro 18, 2009
sinto-me tão fraquinha...
Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos romanos... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor. E a vida não é nada fácil para as guarnições de legionários romanos nos campos fortificados de Babaorum, Aquarium, Laudanum e Petibonum...
astérix e obélix, heróis da minha infância, estão à beira dos 50 anos.
uderzo já revelou o título e a capa da edição especial do álbum que comemora os 50 anos das aventuras de astérix: 56 páginas com pranchas inéditas e textos nunca publicados de goscinny.
uderzo já revelou o título e a capa da edição especial do álbum que comemora os 50 anos das aventuras de astérix: 56 páginas com pranchas inéditas e textos nunca publicados de goscinny.
hockney
early blossom, woldgate
david hockney's long road home:
http://www.nytimes.com/interactive/2009/10/18/arts/design/20091018-hockney-audioss/index.html
dica do mário pires, no facebook
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sexta-feira, setembro 04, 2009
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realidades e coincidências
quarta-feira, setembro 02, 2009
current mood
brilha o céu, tarda a noite, o tempo é lerdo, a vida baça, o gesto flácido. debaixo de sombras irisadas, leio e releio os meus livros, passeio, rememoro, devaneio, pasmo, bocejo, dormito, deixo-me envelhecer.
um deus passeando pela brisa da tarde - mário de carvalho
roubada à franksy, uma citação muito a propósito, de um livro altamente recomendável.
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quarta-feira, julho 29, 2009
terça-feira, julho 28, 2009
sexta-feira, julho 24, 2009
wishful thinking
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quinta-feira, julho 23, 2009
quarta-feira, julho 22, 2009
quarta-feira, julho 08, 2009
ler os outros
este texto do joão gaspar é tão bom, que não (me) basta partilhá-lo no google reader e nos links da coluna ali em baixo à direita. aqui fica, portanto:
bebo cerveja com a espuma dos dias. procuro em vão o exílio. encontro apenas mais da mesma solidão. durmo há anos nos braços da solidão. velha amiga, companheira. das horas más e das ainda piores. a solidão aparece independentemente (ou talvez por causa) das pessoas. já fiz amor com a solidão no meio de multidões. a solidão é fácil. demasiado fácil. mas agora procuro um exílio que não encontro. o exílio é longe. demasiado longe. o exílio requer que os outros desapareçam. mas os outros estão sempre lá. demasiados outros. demasiado lá. e lá é demasiado perto de cá. procuro como quem foge sem saber onde acaba o mapa. procuro o exílio longe de tudo, procuro o exílio no quarto mais escuro da noite, procuro o exílio debaixo da cama (onde só encontro as pantufas e o cotão jaz empalhado, ao estilo das pradarias do velho oeste onde mandava o terrence hill). mas o exílio não aparece. ou vai-se tornando infrutífero com o passar das horas e das pessoas. e não cumpre a função para a qual havia sido destinado. dar abrigo, ser um ponto de fuga para a fotografia de um cadáver pouco adiado. regresso do exílio sem nunca lá ter estado. em mau estado, como sempre. sonhei com o exílio mas esqueci o sonho ainda antes de adormecer. quis ser um exilado a lado comigo próprio. ou mesmo comigo outro. quis ser um refugiado de guerra interior e só encontrei esta paz podre. um armistício assinado por analfabetos. estive vai não vai para lá ir. não fui. mas vou indo. de metáfora merdosa em metáfora merdosa até à sinédoque final. em que o todo pela parte se parte todo. todo fodido. dividido. resto zero. o tetrahidrocanabinol e o tom waits lá vão fazendo o que têm a fazer. o único exílio possível (provável) é a morte. o sartre, por pura teimosia, ainda acha que o inferno são os outros. não são. o inferno somos nós. então e os outros? puta que os pariu.
bebo cerveja com a espuma dos dias. procuro em vão o exílio. encontro apenas mais da mesma solidão. durmo há anos nos braços da solidão. velha amiga, companheira. das horas más e das ainda piores. a solidão aparece independentemente (ou talvez por causa) das pessoas. já fiz amor com a solidão no meio de multidões. a solidão é fácil. demasiado fácil. mas agora procuro um exílio que não encontro. o exílio é longe. demasiado longe. o exílio requer que os outros desapareçam. mas os outros estão sempre lá. demasiados outros. demasiado lá. e lá é demasiado perto de cá. procuro como quem foge sem saber onde acaba o mapa. procuro o exílio longe de tudo, procuro o exílio no quarto mais escuro da noite, procuro o exílio debaixo da cama (onde só encontro as pantufas e o cotão jaz empalhado, ao estilo das pradarias do velho oeste onde mandava o terrence hill). mas o exílio não aparece. ou vai-se tornando infrutífero com o passar das horas e das pessoas. e não cumpre a função para a qual havia sido destinado. dar abrigo, ser um ponto de fuga para a fotografia de um cadáver pouco adiado. regresso do exílio sem nunca lá ter estado. em mau estado, como sempre. sonhei com o exílio mas esqueci o sonho ainda antes de adormecer. quis ser um exilado a lado comigo próprio. ou mesmo comigo outro. quis ser um refugiado de guerra interior e só encontrei esta paz podre. um armistício assinado por analfabetos. estive vai não vai para lá ir. não fui. mas vou indo. de metáfora merdosa em metáfora merdosa até à sinédoque final. em que o todo pela parte se parte todo. todo fodido. dividido. resto zero. o tetrahidrocanabinol e o tom waits lá vão fazendo o que têm a fazer. o único exílio possível (provável) é a morte. o sartre, por pura teimosia, ainda acha que o inferno são os outros. não são. o inferno somos nós. então e os outros? puta que os pariu.
naturalmente
«Two male penguins at a zoo in Bremerhaven, Germany -- who have been a pair for years -- have hatched and raised an abandoned chick as their own.» - Spiegel Online
Felizmente estes papás não precisam da autorização de ninguém para fazer o que lhes é natural. Sem mistérios, juízos morais, sem complicações. Os valores familiares são assim, tão simples.
roubado ao segunda língua
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